terça-feira, 20 de novembro de 2012

Em Mandacaru, a música previne crianças e adolescentes contra drogas



 Reproduzida do portal www.estampapb.com.br, do quadro Valores da Terra

A música como inclusão social


Não é de agora que a música vem ajudando e contribuindo para a inclusão social de crianças e jovens brasileiros que vivem em situação de risco social. Mas é sempre emocionante ver o trabalho de entidades que se propõem a executar projetos nesse sentido.

Há um ano, surgiu em João Pessoa, no bairro de Mandacaru, uma ong que vem desenvolvendo um projeto de inclusão sociale contribuindo para tirar das ruas 70 meninos e meninas que começam a descobrir um talento adormecido.

O trabalho do casal José Severino da Silva e Lauriceia Teixeira Rodrigues pode ser conferido nesta reportagem do jornalista Josélio Carneiro, verdadeiros valores da nossa terra.

‘Uma Nota Musical que Salva’. Este é o nome da organização não governamental que trabalha a inclusão social junto a crianças e adolescentes filhos de famílias de baixa renda no bairro Mandacaru, em João Pessoa. O casal fundador da ONG e os voluntários que abraçaram o projeto têm uma meta em comum: evitar que a garotada seja vítima das drogas como usuário ou que um dia se envolva com o tráfico.

O crack tem levado a vida de vários jovens de Mandacaru e a Associação ‘Uma Nota Musical Que Salva’ quer conduzir futuros cidadãos e cidadãs daquela comunidade a seguirem com os estudos e aprender a tocar algum instrumento musical, uma atividade que pode ser o passo inicial para muitos meninos e meninas.
 
O projeto ‘Uma Nota Musical Que Salva’ nasceu a partir de uma ideia do casal José Severino da Silva e Lauriceia Teixeira Rodrigues. “O bairro de Mandacaru era reconhecido pela imprensa e pelas autoridades policiais como o mais violento da capital, então eu senti a necessidade, junto com a minha família, de fazermos algo para mudar essa estatística”, revelou Lauriceia, e acrescentou: “eu e meu esposo atendemos aqui várias mães que tiveram seus filhos assassinados no bairro e todos adolescentes, agora, com o projeto, ao invés de vê a mãe chorando ao enterrar seu filho, queremos vê-la chorando de alegria na apresentação de seu filho no palco”, declarou.
27.06.12-ong_uma_nota_misical_que_salva_foto_jose-lins-108-270x202
Sargento da Polícia Militar, Edilson
A ONG ainda funciona na residência do casal Severino e Lauriceia na rua general Barros Rego, 294, Mandacaru.  Lauriceia revela que hoje as crianças e adolescentes estão tendo aulas de música, culinária e canto. Quando a ONG estiver na sede vai oferecer também cursos de informática, línguas estrangeiras, reforço escolar e libras.

Lauriceia revela que atualmente a ONG assiste 70 meninos e meninas. “A gente faz aqui um trabalho de prevenção para que eles não se envolvam com a criminalidade e sejam os cidadãos do amanhã por meio da arte e da cultura”, acrescentou. Tem crescido o interesse das famílias pelo projeto. Uma criança acaba trazendo outra para as aulas de músicas e as mães também estão falando para outras famílias sobre as lições que a entidade tem transmitido aos seus filhos.

Com a ajuda de instituições e comerciantes parceiros o projeto ‘Uma Nota Musical Que Salva’ oferece lanche à garotada, um dos atrativos, já que todos são de famílias com baixo poder aquisitivo. O secretário da Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima fez a doação, com recursos próprios, das camisas usadas pelos alunos inscritos no projeto.

Um dos voluntários é o sargento da Polícia Militar, Edilson. Lotado no Comando Geral da Corporação, ele integra a Banda de Música da PM e afirmou que ao ensinar música às crianças de Mandacaru ele realiza um sonho que tinha em mente. Atualmente ele ensina a teoria musical e depois todos vão partir para a prática com os instrumentos. A jovem Monalisa Teófilo é voluntária do projeto como secretária.

Getúlio Targino Filho, 11 anos, está no projeto, há um ano, e reforça a importância do trabalho. “Estou gostando porque aqui Lauricéia e seu José abriram uma oportunidade da gente crescer no mundo”. Getúlio é aluno do 6º ano na Escola Estadual Tenente Lucena.
608f8d4451cdf9aa0234f76dffaf28b67c50de4a_400
Júlia Gabriela, 11 anos, chegou ao projeto a convite do irmão, Gabriel, que também trouxe o irmão David, de 8 anos. Edileuza Góes, mãe de Júlia, David e Gabril destaca que o projeto vem contribuindo para melhorias no bairro e nas famílias. “Esse projeto é uma benção, meus filhos estão crescendo muito na formação”, conta.
ong_crianas_400
 ONG assiste 70 meninos e meninas
Para Miguel Januário de Lima Neto, 15 anos, o projeto ‘Uma Nota Musical Que Salva’, é uma coisa boa que surgiu no bairro “e eu quero muito aprender a tocar algum instrumento musical”, revelou. A pequena Lívia Maria Sousa, 7 anos, afirmou que está convidando outras crianças para o projeto da tia Lauricéia.

O integrante do Conselho Tutelar da Região Norte, que envolve 16 bairros,  Elielton Lima é um dos apoiadores da ONG e destaca a iniciativa. “A gente espera que esse trabalho vá adiante, com o apoio do poder público e da iniciativa privada porque essa região tem alto índice de crianças envolvidas com drogas, famílias em conflito e esse trabalho é educativo e contribui para o desenvovimento da criança”, reforça.

Lauricéia faz um apelo para que comerciantes, principalmente de Mandacaru, façam doações para o projeto. Os contatos podem ser feitos por meio do twitter @umanotamusical e pelos celulares (83) 8603-2473, 8702-5774, 8726-2473.